quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Analfabetismo no Nordeste é o dobro da média do país

Cerca de 20% dos nordestinos não sabem ler ou escrever; no Sul, taxa é de 5,4%


Hoje, aproximadamente 10% dos brasileiros não sabem ler e escrever. As diferenças entre as regiões brasileiras também têm reflexo nas taxas de analfabetismo, avalia o Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas). Enquanto no Sul do país o percentual de analfabetos é pouco mais da metade da taxa brasileira, atingindo 5,4% da população, no Nordeste o índice é quase o dobro da média, 19,9%. A constatação está no estudo do Ipea divulgado na última quarta-feira (7) sobre os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2007, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A relação existente entre analfabetismo e pobreza explica a maior incidência do problema nos Estados nordestinos, dizem especialistas como Timothy Ireland, da Unesco, órgão da ONU para educação:
 — A pessoa pobre tem um acesso restrito à educação e a muitos outros direitos como saúde, habitação, saneamento básico. Então, onde há bolsões de pessoas de baixa renda, como no Nordeste, há bolsões de pessoas que não sabem ler e escrever.
Para tentar diminuir o contingente de analfabetos no Nordeste e, consequentemente, reduzir as disparidades regionais, o programa Brasil Alfabetizado, do MEC (Ministério da Educação), atende prioritariamente os municípios em que mais de 25% da população não sabe ler e escrever.


Este ano, participam do programa 1,5 milhão de pessoas. Desse total, 84% são da Região Nordeste. Entre os estados, o que concentra o maior percentual de analfabetos é Alagoas, onde um em cada quatro habitantes com mais de 15 anos não sabe ler e escrever.
Foi em função da necessidade de trabalhar que o morador da periferia de Manaus Francisco Almeida, 64 anos, nunca conseguiu frequentar uma escola. Assim como ele, 10,8% da população do Norte do país são analfabetos, a segunda maior taxa regional.

— É difícil sobreviver em um mundo cheio de números e letras, porque é como se isso tudo não existisse para nós. Mas existe para os outros, lamenta Almeida, que começou a trabalhar aos 8 anos.

Com orgulho, Chico, como é conhecido, diz que aprendeu a escrever seu nome, mas não considera a possibilidade de voltar a estudar. Ele já trabalhou como carregador em feiras, ajudante de caminhão, caseiro e pescador e, atualmente, vive da renda de um pequeno comércio de bebidas montado em casa.

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